Estou mudando o blog

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domingo, novembro 30, 2003

A EXPERIÊNCIA - CAPÍTULO #01
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(A porta se abre. No sofá, estão sentados Timmy, de 10 anos, Jenny, de 9, e Valdeci - um menino - de 7 anos. O Professor entra e se dirige aos garotos)
PROFESSOR - Bom dia, crianças.
CRIANÇAS - BOM DIA, PROFESSOR!!!
PROFESSOR - Dormiram bem essa noite?
CRIANÇAS - SIM, PROFESSOR!!!
PROFESSOR - Que bom, hoje é um dia muito especial. Depois de vários meses de planejamento e preparo, finalmente vamos dar início à nossa tão esperada experiência. Vocês gostam de comerciais, crianças?
CRIANÇAS - SIM, PROFESSOR!!!
PROFESSOR - Então ficarão contentes ao saber que, a partir desta manhã, vocês não farão outra coisa a não ser assistir à MTV 24 horas por dia!
CRIANÇAS - SIM, PROF- hein?
PROFESSOR - Como parte da nossa pesquisa sobre os efeitos dos intervalos comerciais na psique humana, vamos monitorar o comportamento de vocês três enquanto assistem à programação da MTV. Como já devem ter percebido, o quarto não possui outros móveis além do sofá e da TV, que não possui controle remoto, não dispõe de outros canais e foi blindada no caso de... bem, acidentes. A sala possui gerador próprio para evitar que quedas de energia interrompam a programação. Nossa organização também plantou alguns assassinos e agentes secretos no prédio da MTV para lidar com qualquer situação que possa interromper a transmissão do canal, incluindo horário político e interferência das manchas solares.
CRIANÇAS - ...
PROFESSOR - Durante todo o período vocês ficarão privados de todo e qualquer contato humano, exceto por algumas visitas periódicas que farei. Sua alimentação será à base de cafeína, para maximizar o tempo de exposição à programação; toda a comida será fornecida através daquela fenda na parede. Ah, sim, os eletrodos que foram implantados em vocês no exame médico da semana passada serão ativados toda vez que algum de vocês tentar realizar qualquer outra atividade que não seja assistir à TV, como brincar de ciranda ou batatinha frita 1 2 3.
JENNY - Eletrodos? Eles me disseram que estavam fazendo minha laqueadura de trompas!
TIMMY - Mas por que justo a MTV, Professor?
VALDECI - É porque na MTV só passam clipes "comerciais"? Ahahaha-
(Ninguém ri)
VALDECI - ...
PROFESSOR - Bem, Timmy, a seleção do canal mais adequado para o estudo da exposição foi o evento mais crítico da etapa preparatória desta experiência. Tudo o que eu posso dizer é que os critérios utilizados incluíram duração dos blocos dos programas, tipo de comercial exibido e número de séries do Ensino Fundamental cursadas pelos apresentadores. A MTV foi o canal que julgamos mais adequado ao perfil que procurávamos.
JENNY - Tem razão, os programas da MTV têm provavelmente menos ou a mesma quantidade de conteúdo que seus comerciais.
PROFESSOR - Bom, se ninguém tiver mais alguma dúvida, vou deixá-los a sós e dar início à experiência. A TV será ligada assim que eu sair e trancar a porta. Acho que é só isso...
TIMMY - Professor, espere. Você não nos disse quanto tempo vamos ficar aqui.
PROFESSOR - Eu não me preocuparia com isso se fosse vocês. Nossa equipe está decidida a continuar a experiência até que todos os efeitos esperados sejam observados, o que pode levar semanas, talvez meses. Mas está tudo bem, se tudo der certo vocês talvez nem acabem se matando no final.
TIMMY - O quê?
PROFESSOR - Nada, nada. Estou de saída agora, fiquem bem sentadinhos aí e comportem-se.
CRIANÇAS - SIM, PROFESSOR!!!
VALDECI - Daremos o melhor de si, Professor!
(A porta se fecha. Que surpresas terríveis aguardam as crianças na programação da MTV? Descubra no próximo capítulo!)

quarta-feira, novembro 26, 2003

*NÃO TEM NADA A VER COM PUBLICIDADE* (Eu acho...)

Algumas pessoas reclamaram comigo que este blog tem muito poucas figuras. E eu concordo plenamente! Este blog está precisando urgentemente de mais figuras.




Mais figuras! Mais figuras!






MAIS FIGURAS! MAAAAAAAAIS FIGURAAAAAAAAAS!



Ufa.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Um dia eu vou olhar para trás e sentir falta da época em que toda a família se reunia na frente da TV depois do jantar para se divertir com as educativas peças publicitárias da indústria da cerveja. Muito em breve os comerciais de cerveja como conhecemos atualmente serão coisa do passado. Não senhor, nada mais de ninfetas seminuas tomando uns porres à beira-mar, nada mais de pessoas sendo excluídas socialmente porque não bebem cerveja (embora isto provavelmente continuará acontecendo fora dos comerciais), nada mais de animações 3-D com caranguejos alcoólicos que fazem a cabeça da criançada, nada mais de slogans apelativos com mensagens subliminares. Tudo por causa do novo código de ética para as campanhas de cerveja, que entrará em vigor a partir do ano que vem (esta tal de ética, tornando tudo tão mais difícil para os publicitários...). Nem mesmo beber cerveja será permitido nos comerciais a partir de janeiro de 2004. O que os garotos e garotas-propaganda farão, então, nos comerciais? Utilizar as garrafas como artigos de decoração? Tomar banho de cerveja? Não, esta última assertiva provavelmente não acontecerá, já que corpos banhados em cerveja são, por alguma razão, taxados como "extremamente eróticos" pela nova legislação.

Mas o que realmente tem me preocupado é a aparente epidemia de anúncios de produtos embaraçosos para aumento da perfórmance sexual. Frases do tipo "Problemas para controlar a ejaculação precoce?" ou então "O orgasmo para você é apenas um sonho distante?" já podem ser encontradas em anúncios publicados por órgãos respeitadíssimos da imprensa nacional, e até no site da Microsoft. Saem os comerciais de cerveja, entram os comerciais de pílulas para aumento do tamanho do pênis. Se os comerciais de cerveja apenas implicavam indiretamente que a sua vida sexual é uma droga, a abordagem feita pela mídia está cada vez mais direta; um fenômeno semelhante pôde ser observado com as músicas de pagode e funk, nas quais os eufemismos para a palavra "cu" foram sendo gradativamente substituídos pela palavra "cu" com o passar dos anos. Acho que é só uma questão de tempo para que vejamos na TV comerciais de bombas de sucção peniana estrelando Paulo Goulart e Nicete Bruno.

domingo, novembro 09, 2003

"Caralho, lá vem ele de novo falar das tais músicas plagiadas nos comerciais. Será que ele não percebe que ele é a única pessoa no mundo que se importa com isso?" E daí? Denunciar essa conduta reprovável e desavergonhada dos publicitários foi a principal razão me que levou a criar este blog. Além do mais, era de se esperar que à essa altura os publicitários já tivessem tomado vergonha na cara e começassem a utilizar as versões originais das músicas ao invés de copiá-las, mas ao invés disso o plagiarismo está cada vez mais óbvio e descarado. Se ainda duvidam, dêem uma olhada nos três exemplos abaixo:

1 - Já assistiram a um daqueles comerciais de interruptores da Bticino? Eu sei, eu sei, vocês devem estar se perguntando "por que alguém faria um comercial para vender interruptores? Isso não faz nenhum sentido!" Eu também passei por este mesmo processo de pensamento, mas o que realmente importa é que a música de fundo de um desses comerciais é irmã gêmea de 'If you can't say no' de Lenny Kravitz.

2 - O comercial da sandália Rider que vem com um walkman ou sei-lá-o-quê mostra um cara que não consegue ouvir o que as pessoas estão falando com ele, em três momentos, porque o volume do seu fone de ouvido está alto demais. A segunda música que toca é obviamente "inspirada" em 'Gossip Talks', de Missy Elliot, e por esta razão eu presumo que as outras duas que tocam também são plágios, embora não tenha conseguido identificar de quais canções.

3 - Para completar, algo sem precedentes na história do marketing brasileiro: plágio de videoclipe. Sim, não bastou plagiar a música 'Bodyrock', de Moby, para colocar como música de fundo do comercial da revista LANCE! (com exclamação); o próprio conceito do videoclipe da canção (pessoas dançando de forma desengonçada na frente de uma cortina cinza) foi copiado pelo comercial, a única diferença é que, ao invés de colocarem pessoas realmente esquisitas para dançar, foram utilizados atletas realmente esquisitos. É como se tivessem produzido um comercial em que Christopher Walken sapateia em um hotel deserto e, no final, abre uma lata de Pringles e sorri para a câmera.

Agora vocês devem estar convencidos agora de que os responsáveis por estes comerciais são PLAGIADORES DESCARADOS! DESCARADOS!!! AARRRRGH!!!!

terça-feira, novembro 04, 2003

Eu sei que eu devo ser a pessoa menos indicada no mundo para dizer isso, mas publicidade é uma coisa muito mais complicada do que se imagina. Todos os aspectos de uma campanha precisam ser observados, desde a vida amorosa do garoto-propaganda até o tamanho da fonte que é usada no slogan, e tudo deve se apoiar em dados estatísticos ou estudos psicológicos. A utilização das cores certas para cada logo ou anúncio é um elemento particularmente fascinante deste assunto. Há muito tempo se percebeu, por exemplo, que o vermelho é associado de forma subconsciente a comida. Daí as cores da embalagem da Coca-Cola e dos restaurantes do McDonalds. No caso do azul, é geralmente feita uma associação à idéia de limpeza; está explicado, portanto, por que é sempre explorada a capacidade dos absorventes, com ou sem abas, de assimilar ou solidificar quantidades cada vez maiores de fluido azul em comerciais do gênero.

A publicidade, porém, tem extrapolado as meras aplicações sinérgicas do azul e há muito tempo vem fazendo uso das propriedades esotéricas desta cor. Prova disso é a nova campanha do Omo: novo Omo com poder azul, que não poupa nem aquela nota de 1 real que você esqueceu no bolso da sua calça. Transforma em papel ofício novinho em folha!

Ou então a do sabonete Dove, com esfoliantes azuis. Está comprovado que o azul possui 27% a mais de ação hidratante do que o bege ou o verde oliva. Recuse esfoliantes verdes ou brancos, somente a cor azul é capaz de devolver o brilho e a maciez para a sua pele!

Não é difícil imaginar outras aplicações para as propriedades sobrenaturais do azul. "Eu estava triste e meio caído, se é que você me entende. Mas aí eu tomei essa pílula azul e agora as mulheres não desgrudam mais de mim!"